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FIRE IN THE HOLE! Especial de 51 Anos de FPS

Preparado para rasgar e cortar (rip and tear) meio século de videogames? Conheça mais sobre a história dos primeiros FPS e mais sobre as origens do gênero

Fábio Celestino

Fábio Celestino

FIRE IN THE HOLE! Especial de 51 Anos de FPS

Os videogames acompanham o desenvolvimento tecnológico, e um dos gêneros que mais participa ativamente desde seus primórdios é o First Person Shooter. Originalmente, a simplicidade do gameplay e a facilidade de apenas “mirar e atirar” foram a base para a criação de jogos que imitavam o incrível 3D ainda quando mal se sabia explorar o 2D. 

Hoje em dia, falamos de variedade de estilos, como Ghostwire tokyo; os jogos independentes e criativos, como o caso de Neon White inspirado por speedrunning; jogos focados em competições como Counter-Strike 2; A ressurreição dos clássicos como Doom 2016; e também em acessibilidade para diferentes jogadores como em Far Cry 6.

A força dos FPS são comprovadas: em 2023 o Counter Strike: Global Offensive, antes de ser substituído pelo seu sucessor Counter Strike 2, atingiu a marca de 1.8 milhões de jogadores simultâneos na Steam, segundo a pesquisa de J. Clement, através do site statista. De certa forma, foi um jeito de comemorar os 11 anos de vida do jogo, e também a sua nova atualização para a engine Source 2.

Mas o que acontecia no começo dos anos de  1970 que deu origem a isso tudo?

Imagem de um computador antigo rodando Maze war à esquerda, e Uma imagem de Spasim à direita

Maze War e Spasim são o fundamento para FPS

Um estudante da Nasa, mais especificamente Steve Colley, nos anos de 1973 e 74, desenvolveu o esqueleto para o que o gênero se tornaria. Maze War foi criado para teste de displays em 3D, com a ideia de fazer um labirinto.

 Ele sentiu que o jogo “se tornou entediante rápido” e com a ideia de colocar outras pessoas nos jogos,  vinda de dois amigos dele:  Greg Thompson e Howard Palmer, chegaram na ideia de um atirar no outro.Assim nasce o primeiro FPS.

O jogo utiliza texto para comandos, e atualizações lentas de tela, além da latência das portas seriais que eram utilizadas para a conexão, o que ocasionava as vezes dos jogadores desviar de balas. “Nós consideramos isso um importante recurso”, diz Steve Colley em sua entrevista em digibarn.

Jim Bowery, criou outro jogo que também deu origem ao FPS clássicos: Spasim. um simulador de naves espaciais, que era em 3D e permite até 32 jogadores simultâneos.

Também só era possível jogar dependendo da estrutura dos computadores da Universidade de Illinois, segundo o artigo de Sam Shahrani. Esses jogos dessa primeira geração, eram extremamente limitados, tanto em acesso às pessoas como também em recursos, porém foram um passo importante para o nascimento dos clássicos como Wolfenstein 3D e Doom.

Metal Pesado, clones e alienígenas: O falso 3D e os primeiros FPS comerciais

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Doom é o FPS mais influente do mundo até os dias de hoje; até tivemos a nossa versão brasileira: Incidente em Varginha!

Até meados de 1990, algumas tentativas de FPS ocorreram, como Battlezone(1980) da Atari, oficialmente o primeiro jogo a atingir um sucesso comercial. É interessante também  lembrar de MIDI Maze(1987), que foi o primeiro a permitir multiplayer para o público geral, porém de forma difícil e limitada, dependendo da conexão de diversos computadores Atari ST.

Felizmente, chegamos finalmente nos clássicos: Em 1992, os lendários Johns : Carmack e Romero, através da tecnologia conhecida como “Ray casting” , que permite renderizar em tempo real imagens em 3D, coisa que era uma grande dificuldade para o hardware da época, desenvolveram através da id Software o lendário Wolfenstein 3D, oficialmente o pai dos jogos modernos de FPS.Sem perder tempo, no ano seguinte desenvolveram o FPS mais importante dos anos 1990: Doom

 Violento, rápido e impiedoso, Doom contava com trilha sonora inspirada por bandas como Metallica Pantera. Além disso, foi o primeiro jogo a realmente ter modos multiplayers competitivos que eram especialmente funcionais para os computadores da época. Também era possível criar seus próprios mapas, que são feitos até os dias de hoje, gerando grandes sucessos recentes como o MyHouse.wad. 

Segundo o livro “The Complete Wargames Handbook” de 2000, Doom acumulou 1.1 milhões de vendas durante a sua comercialização original. O sucesso foi tão grande, que diversos clones, alguns usando até a engine licenciada da própria id Software foram criados. Diversos fizeram um bom sucesso como Duke Nukem 3D, Deus Ex, e até o primeiro FPS brasileiro, o Incidente em Varginha, lançado em 1998, que se tornou muito mais reconhecido nos últimos anos, devido a diversos vídeos de gameplay recentes no Youtube.

Porém, id Software não deixou fácil para a competição, lançando Doom II: Hell on Earth(1994) e  a série Quake, contando com verdadeiros gráficos 3D, com foco em diversos modos multiplayers e trazendo tudo o que Doom fez de bom, só que ainda melhor.

Campeonato “Irreal”: eSports, jogos com foco em narrativa e a expansão do mercado FPS 

Casa de Counter-Strike 2 à esquerda e ao fundo um evento de ESports em uma arena

Counter-Strike se consolidou como um dos jogos mais populares no Brasil e mundo

Com o Quake III Arena(1996)Unreal Tournament(2004), da Epic Games, o cenário competitivo se acirrou, e nasceram os primeiros torneios de grande porte contando com diversos jogos de diversos gêneros. o primeiro “World Cyber Games” ocorreu em Seul em 2000. 

É importante destacar que enquanto o mercado competitivo se desenvolvia, a Steam criou um dos seus maiores clássicos: Half-Life que até hoje é extremamente prestigiado, com nota 96 pelos críticos e 9.0 dos usuários no metacritic, pela narrativa, personagens, mundo e gameplay. Half-Life, através de mods da comunidade, foi usado para criar Counter-Strike que se tornaria um dos principais jogos competitivos.

Enquanto isso, em 2001, o sucesso de Halo: Combat Evolved no Xbox e PC, era inegável; bateu 3 milhões de vendas em 2003. Vale mencionar que a partir desse sucesso, jogos como Battlefield 1942 (2002) da Electronic Arts, e Call of Duty(2003) da Activision, grandes publicadoras do mercados de videogames.

No Brasil, o Counter-Strike dominava as lan-houses, e se tornou um dos jogos de maior destaque. Isso faria com que nascessem figuras importantes no cenário competitivo internacional como o jogador Gabriel “FalleN” Toledo.

Indies, acessibilidade e variedade: Onde estão os melhores combates

Imagem de três jogos, da esquerda para à direita: Valorant, SUPERHOT e S.TA.L.K.E.R.

FPS deixou de ser somente tiro e trouxe muitas outras ideias, como em Valorant, SUPERHOT e S.T.A.L.K.E.R.

Entre os últimos 15 anos o mercado se estabeleceu com diversas revisões constantes de jogos de séries como Call of Duty; ainda que bem recebidos, sempre trabalhando a mesma fórmula de campanha e multiplayer, aproveitando os trends da indústria e sociedade.

 Isso levou a um vácuo de jogos FPS mais voltados a públicos casuais, ou até mesmo os fãs dos clássicos. Novos FPS especialmente competitivos, focados em times, como Overwatch(2016) e  Valorant (2020) se tornaram grandes fenômenos mundiais com campeonatos de premiações milionárias.

Em 2016, isso mudou com o reboot de Doom(2016), sendo recomendado por 92% da crítica, segundo OpenCritic, o que gerou uma certa procura por FPS diferentes. Com isso nasceu os Boomer Shooters, que apesar do nome, representam os novos jogos com grande inspiração nos FPS dos anos de 1990, principalmente Doom, mas com suas próprias visões. Um bom exemplo é DUSK(2017), com pontuação de 89 no OpenCritic.

Desde 2015, diversos jogos também apostaram em variar no gameplay;  SUPERHOT(2016) com um gráfico simples, mas com um gameplay baseado em “bullet time” (camera lenta durante os combates) que o tempo somente acelera enquanto você se move; outro caso interessante é BPM:Bullets per Minute(2020) que tem o gameplay baseado em atirar no ritmo da música.

Um ótimo exemplo a ser seguido é o de  Far Cry 6 (2021), apontado pelo Gamer Accessibility Nexus, portal especializado em conteúdo sobre acessibilidade em jogos. Contando com diversas formas de acessibilidade,com configurações profundas de áudio, imagem e uma grande gama de customização de controles, é uma alternativa ótima para quem possui deficiências e necessita de mais opções customizáveis.

Em 2024, o cenário dos jogos FPS não poderia ser mais variado e completo. Com lançamento programado para este ano, de uma nova sequência da franquia S.T.A.L.K.E.R. renomada por compartilhar com temas pós apocalípticos como Fallout, e novos jogos em desenvolvimento, como o reboot de Marathon, série conhecida como um antigo clássico para os computadores da Apple, e Perfect Dark, conhecido pelo seu tema de espionagem futurista, o futuro dos FPS guardam incríveis possibilidades!

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