Redação Compare Games
O que a queda da Atari tem a ensinar aos donos do Xbox?
A Atari hoje é a sombra de outrora. Com os boatos do Xbox largando o mercado de consoles, nós perguntamos: Que fim levou a Atari após decisão similar?
As últimas semanas foram desanimadoras para os fãs do Xbox: A cada dia que passa, surgem rumores, boatos, factoides e mais sobre uma possível saída da Microsoft do mercado de consoles. A empresa norte-americana não é a única que passou por um período conturbado, na qual decisões amargas precisam ser tomadas. Não é como se a Microsoft estivesse passando por problemas, claro.
Trouxemos o curioso caso de uma empresa que já fez de tudo: Foi dividida, conquistou um mercado, perdeu outro, faliu, foi vendida e faliu outra vez, antes de se tornar uma mera anã branca no mercado atual, contentando-se com pouco. Más decisões e mudanças frequentes nos planos de negócios levaram a Atari a uma vida de com poucos lançamentos ao ano, além de sobreviverem por meio do licenciamento de clássicos de seus anos dourados.
De Atari Inc. a Atari SA: A pioneira do 2600, a piada do Jaguar e a pequenina de Paris
Do primeiro ao último console, a Atari teve altos e baixos.
Após anos de total domínio no mercado e de forte presença na cultura pop dos anos 70, a Atari Inc. viu seus negócios darem uma verdadeira guinada de 180® em seus negócios com o Crash dos Videogames que assolou o mercado estadunidense dos anos 80.
Propriedade da Warner Communications, a divisão de consoles foi vendida em 1984 para Jack Tramiel, fundador da fabricante de computadores Commodore, enquanto o estúdio de jogos permaneceu sob propriedade da gigante de Hollywood, sendo renomeada para Atari Games.
A Atari Games obteve sucesso durante seus anos de existência no mercado de fliperamas, com diversos clássicos em seu repertório, como RoadBlasters, Hard Drivin, Primal Rage, Area 51 e San Francisco Rush, além comprar briga com a Nintendo através do estúdio Tengen. Esse deixou de existir em 1994, quando a empresa foi adquirida pela sua maior concorrente, Williams Eletronics, sendo então incorporada à Midway Studios (atual Warner Bros. Games).
Já a outra parte, Atari Corporation, teve um caminho mais difícil. Com o fundador da Commodore no comando, a empresa mergulhou de cabeça no mercado de computadores, embora eventualmente lançasse consoles como o 7800 e o portátil Lynx, ambos sem sucesso.
Sua última cartada veio anos depois com o lançamento do Atari Jaguar. Sendo muito mais uma jogada de marketing do que um console confiável, além de surgir do nada em meio a feroz guerra dos consoles dos anos 90, o Jaguar foi um fracasso retumbante, levando a Atari Inc. a ruína.
Em 1996, com o rabo entre as patas, a Atari Corporation se fundiu sem cerimônias para uma pequena empresa de hardware chamada JTS Corporation. Dois anos depois, a JTS foi vendida para a Hasbro Interactive. Em 2001, a Hasbro Interactive foi vendida para o estúdio francês Infogrames, que logo tornou-se a atual Atari SA.
O distribuidor americano, agora de alma francesa, deu uma nova vida a marca Atari nos anos 2000, lançando outros clássicos como RollerCoaster Tycoon 3, Test Drive Unlimited, Neverwinter Nights, Driver: Parallel Lines e Ghostbusters: The Videogame. Mas apesar de sucessos pontuais, o público sentia que não era a mesma coisa. Não era a mesma Atari.
A Atari SA permaneceu como uma empresa que sangrava dinheiro, tendo que vender franquias e fechar estúdios para se manter de pé. Inevitavelmente, a empresa declarou falência em 2013. Somente se recuperou um ano depois, com foco em jogos mobile, jogos de cassino, criptomoedas e a venda de ainda mais franquias.
Atualmente, como um modesto estúdio, consegue andar com as duas pernas por meio do licenciamento de algumas das suas franquias ainda sob sua propriedade, além de aos poucos adquirir franquias de games antigos de outros estúdios extintos, como a MicroProse e a Accolade. Há um esforço da Atari SA de utilizar-se dos ícones de outrora da empresa ao seu favor, fabricando o console Atari VCS, contendo os maiores sucessos dos antigos consoles da empresa e encomendando remakes de jogos clássicos da sua biblioteca, através da Nightdive Studios.
O que leva uma grande empresa a encolher desta forma?
Empresas vêm e vão no mercado baseado em suas decisões. Especialmente as más decisões.
Diversos podem ser os fatores que levam uma empresa a tomar decisões como as que a Atari teve de tomar. Na gigantesca maioria dos casos, decisões como a de sair do mercado de hardware se resume a mera sobrevivência após outras decisões feitas anteriormente, geralmente com resultados catastróficos. No fim das contas, o objetivo é sempre o corte de custos, onde a empresa busca lucrar com o licenciamento, mas terceirizando a produção do jogo.
O fiasco que a Atari Inc. obteve com o Jaguar se assemelha a bagunça que a Sega teve de lidar com o fracasso do Saturn e do Dreamcast que causou a sua saída do mercado de consoles em 2001, assim como a empresa estadunidense. Durante anos a Atari lutou para sobreviver,e conseguiu se reinventar durante os anos 2010, recuperando uma parte do espaço perdido.
Mesmo entre as grandes empresas sem presença no mercado de consoles, há contos cautelares sobre como más decisões influenciando o futuro de toda a empresa. A Konami, após todo o imbróglio envolvendo a saída de Hideo Kojima em 2015, do dia para a noite, deixou o mercado de games (com notória exceção da franquia Pro Evolution Soccer) em uma controversa decisão de focar-se somente em jogos mobile e, curiosamente, pachinkos. Atualmente o estúdio lança jogos pontuais, mas sem a presença marcante de antigamente, quando era um dos estúdios destaque de quase todo bom console.
É pouco provável que a Microsoft sofra um baque tão grande em sua biblioteca de jogos caso opte pelo caminho de sair do mercado de hardware. Possivelmente, sua fanbase a acompanharia para seja lá onde os estúdios da empresa fossem. Mas o que a Atari deixou claro em sua conturbada história pós-1983 é que mesmo ao dar passos para trás, uma boa empresa precisa ter ao menos um plano decente para a hora de dar passos para frente, sob o risco de acabar dando ainda mais passos para trás.
Avaliação da Comunidade
O que achou deste conteúdo?
Compartilhar:

Comentários (0)
Categorias: