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O que está acontecendo com a Ubisoft?

Em 2024 a Ubisoft já perdeu mais de 40% dos valores de suas ações. O que está acontecendo com essa gigante do mundo dos videogames? Saiba os detalhes!

Redação Compare Games

Redação Compare Games

Imagem de fundo do produto O que está acontecendo com a Ubisoft?Imagem de fundo do produto O que está acontecendo com a Ubisoft?

A Ubisoft, uma das maiores desenvolvedoras de jogos do mundo, viu seu valor de mercado despencar em 2024, perdendo mais de 40% de suas ações ao longo do ano. Esta queda reflete os problemas enfrentados pela empresa, que vão desde o lançamento de títulos criticados pela baixa qualidade até polêmicas culturais e controvérsias envolvendo práticas de trabalho.

Recentemente, a desenvolvedora foi criticada pela abordagem em títulos como Assassin’s Creed ShadowsStar Wars Outlaws, enfrentou pressões externas e boicotes de publicidade em plataformas, cancelou sua presença na Tokyo Game Show e ainda lida com greves de funcionários na França, que buscam melhores condições de trabalho.

Neste artigo, vamos entender os desafios que a Ubisoft vem enfrentando ao longo deste ano, analisando as principais polêmicas e os impactos nos jogos lançados.

Principais fracassos de vendas e crítica

A Ubisoft investiu pesado no lançamento de títulos importantes em 2024, mas muitos não atingiram as expectativas da crítica e dos jogadores.

Um dos maiores exemplos foi Star Wars Outlaws, um RPG de mundo aberto lançado no final de agosto. Apesar do Outlaws ter vendido bem nos Estados Unidos, a desenvolvedora afirmou que as vendas ficaram abaixo do esperado, levando a empresa a rever suas expectativas.

Seguindo o exemplo, o título Assassin's Creed Shadows, com lançamento antes previsto para 12 de novembro de 2024, foi adiado para 14 de fevereiro de 2025. A Ubisoft disse que os “aprendizados” que tiveram com o lançamento de Outlaws os “levaram a querer aperfeiçoar ainda mais o Shadows”.

O polêmico Skull & Bones

Imagem em preto e branco de Skulls and Bones, com imagens da Steam e do Metacritic apontando críticas negativas

Os reviews não foram favoráveis e nem compatíveis com o que era esperado do jogo

O combate naval, introduzido em Assassin’s Creed 3 e aprimorado em Black Flag, ficou tão popular que inspirou o spin-off AC: Pirates para mobile e Skull & Bones.

Skull & Bones é um jogo multijogador cooperativo com PvP e elementos ambientais, que passou por um longo e turbulento período de desenvolvimento estimado em quase uma década.

Devido ao vasto escopo e a falta de uma visão criativa clara do jogo, que tinha a promessa de ser um “simulador de pirata”, levaram a Ubisoft a enfrentar constantes adiamentos e reboots no desenvolvimento.

Durante o desenvolvimento, Skull & Bones passou por mudanças de direção e escopo, estourando o orçamento diversas vezes. O cenário no início seria no Caribe, depois transferido para o fictício Hyperborea e, no final, para o Oceano Índico. A jogabilidade também foi reformulada várias vezes, alternando entre exploração naval e combate entre navios, até ambos serem abandonados em favor de elementos de sobrevivência em terra, inspirados em jogos como Rust.

Em entrevistas, os desenvolvedores apontaram que essas dificuldades de criação do game resultaram de ideias conflitantes, problemas de gestão e falta de uma direção clara. O projeto teria custado à Ubisoft mais de US$120 milhões, segundo especulações.

Se quanto mais tempo você trabalha em um jogo e mais mudanças são feitas, maior será o custo final, Skull & Bones teria sido ainda mais caro.

O título foi criado com a expectativa de que deveria gerar muito dinheiro ao longo do tempo para a Ubisoft. O CEO da Ubisoft anunciou o game como um título AAAA antes de seu lançamento, mas vimos que isso estava longe de ser verdade.

Seu lançamento não agradou ao público. A jogabilidade inconsistente, os gráficos abaixo do esperado e promessas não cumpridas geraram críticas generalizadas, levando a uma recepção negativa e a desafios financeiros consideráveis para a Ubisoft. A crítica estava voltada bastante para missões muito repetitivas, excesso de bugs, gráficos na versão para PS5 que deixavam a desejar e a ausência de diversão na exploração a pé.

O jogo está com nota baixa no Metacritic, e os comentários no site e redes sociais são bem negativos.

Expectativas frustradas com Star Wars Outlaws

Star Wars Outlaws era outra grande aposta da Ubisoft, que investiu bastante dinheiro em marketing e prometia fazer dele um dos principais lançamentos do ano. Apesar de ter se tornado um best-seller nos Estados Unidos, a recepção do jogo foi morna, com analistas relatando que as vendas ficaram longe das projeções internas.

O lançamento ocorreu logo após o sucesso de Assassin’s Creed Mirage, o que elevou ainda mais a expectativa dos fãs de que o novo jogo do universo Star Wars fosse um título de alta performance.

A comparação entre os dois jogos foi inevitável: enquanto Mirage alcançou a marca de 5 milhões de cópias vendidas, Outlaws não atingiu o mesmo patamar, intensificando a pressão sobre a Ubisoft em meio à sua delicada situação financeira.

Retirada de anúncios no X e boicote de grandes marcas

A Ubisoft também enfrentou turbulências fora do ambiente de jogos. Em um movimento que acompanhou empresas como Apple, Disney e IBM, a desenvolvedora retirou sua publicidade da plataforma no Twitter/X, após comentários controversos de Elon Musk.

Em uma declaração ao Axios, um porta-voz da Ubisoft confirmou que a empresa possuía uma campanha ativa de anúncios na plataforma, mas que foi retirada. Desde que foi adquirida por Elon Musk, em outubro de 2022, a plataforma X passou por uma transformação significativa. Nem todos estavam satisfeitos com essas mudanças, incluindo empresas que usavam o Twitter como meio de publicidade.

Em junho de 2023, a receita de publicidade da plataforma havia caído cerca de 60%, à medida que várias empresas retiraram seus anúncios. Desde a aquisição por Musk, usuários da rede social relataram um aumento de conteúdos inflamatórios, racistas, homofóbicos, sexistas e antissemitas. Esses comentários geraram acusações de antissemitismo e levaram várias empresas a pausarem suas campanhas na plataforma.

A retirada da Ubisoft evidencia uma preocupação com a imagem da marca e mostra como as polêmicas no X impactaram diretamente no planejamento de marketing da empresa.

A Microsoft e a Sony desativaram a função que permitia aos jogadores compartilharem capturas de tela e gravações de gameplay diretamente no X a partir dos consoles PlayStation e Xbox.

Não foi confirmado ao certo se a decisão foi motivada pelo aumento das taxas da API do Twitter ou por outros motivos, mas Musk declarou que está investigando a remoção desses recursos.

Cancelamento da participação na Tokyo Game Show

Imagem de fundo em preto e branco do Assassin's Creed Shadows em chamas, e imagens de notícias falando dos problemas nos jogos da Ubisoft e sobre o cancelamento da participação no Tokyo Game Show 2024

A situação da empresa e dos jogos gera uma grande insegurança nos fãs e investidores

Outro ponto de tensão para a Ubisoft foi o cancelamento de sua participação na Tokyo Game Show 2024, após críticas ao Assassin’s Creed Shadows, que gerou descontentamento por conta de sua representação do Japão feudal.

Desde o anúncio de Assassin's Creed Shadows, o título tem gerado controvérsias devido ao preço, à ausência de gameplay apresentado, mesmo com pré-vendas abertas, a animações travadas, alegações de compra automatizada (bots), e críticas aos personagens e ao cenário.

Principalmente este último aspecto causou indignação entre os jogadores, que acusam a Ubisoft de interpretar incorretamente a cultura japonesa, tanto pela escolha do protagonista quanto pela alegação de que Shadows é apenas vagamente inspirado na história.

O título foi criticado por desrespeitar aspectos culturais japoneses no seu merchandising, incluindo o uso de símbolos associados a eventos históricos sensíveis, como o portão Torii de Nagasaki, e por caracterizações culturais vistas como superficiais.

Para quem não sabe, o Portão Torii de Uma Perna está localizado a apenas 900 metros do local da explosão da bomba nuclear em Nagasaki e foi a única estrutura a permanecer de pé na área, se tornando um símbolo da tragédia vivida pelo povo japonês.

A desenvolvedora está ciente do seu cancelamento e emitiu uma declaração à comunidade japonesa, afirmando que investiu no game para garantir que Shadows fosse uma representação imersiva e respeitosa do Japão feudal, e que nunca teve a intenção de apresentar nenhum título de Assassin's Creed, incluindo Shadows, como uma representação factual da história ou de personagens históricos.

Greves por melhores condições de trabalho

As tensões entre a Ubisoft e seus funcionários se intensificaram na França, onde o sindicato STJV convocou uma paralisação em outubro. Entre as reivindicações, os trabalhadores pedem um acordo formal sobre trabalho remoto, melhorias na divisão de lucros, fim das disparidades salariais de gênero e aumentos salariais para as posições mais baixas.

Segundo o STJV, a gerência da Ubisoft tem sido inflexível nas negociações, com propostas consideradas inaceitáveis. O sindicato também convidou outros funcionários globais da Ubisoft a se mobilizarem, destacando que “bons jogos existem graças a boas condições de trabalho”. A Ubisoft, procurada para comentar, se recusou a responder.

A situação atual da Ubisoft a coloca em um cenário incerto. Com as ações em queda e uma série de fracassos recentes, o futuro da empresa dependerá de sua capacidade de responder a essas críticas e de se adaptar a um mercado que exige qualidade, respeito cultural e condições de trabalho justas para seus colaboradores.

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