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Shovelware e Asset Flips: Jogos criados para dinheiro rápido

Você já notou jogos estranhos que são clones de outros, ou outros que são extremamente simples e colocam vários anúncios interrompendo o gameplay? Saiba mais!

Fábio Celestino

Fábio Celestino

Imagem de fundo do produto Shovelware e Asset Flips:  Jogos criados para dinheiro rápidoImagem de fundo do produto Shovelware e Asset Flips:  Jogos criados para dinheiro rápido

Quando se trata de uma indústria da escala global, é natural a expansão descontrolada e diversos grandes investimentos que chamam a atenção. Agora, se for possível, conseguir tirar a sua “fatia de bolo” com o mínimo esforço e um pouco de desvio ético, quem não faria? Se você disse que não, bem, diversos fazem.

Com o alto fluxo de jogos adicionados diariamente nas plataformas digitais, como na Steam por exemplo, que segundo Kotaku cerca de 50 por cada dia de 2023, é possível imaginar o quanto desses são de qualidade duvidosa.

Porém, não é só a Steam que sofre com isso: App Store, Google Play Store, Nintendo Switch Eshop, Playstation Store e até mesmo a Microsoft Store possuem diversos jogos que acabam passando por debaixo dos panos para ver se conseguem fazer dinheiro.

É conhecido que o desenvolvimento de jogos é um trabalho árduo e que pode demorar anos para a produção, como casos de jogos de sucesso gigantescos como Red Dead Redemption 2Cyberpunk 2077, e às vezes podem possuir diversos problemas. Mas e quando a intenção é ser ruim, ou simplesmente esconder que é ruim tempo o suficiente para gerar lucro?

Shovelware: de 1990 até os dias de hoje

Imagem monstrando diversos CDs de centenas de jogos

Quem nos anos 2000 não teve um CD da Digeratti com centenas de jogos? Agora os Shovelwares invadiram a Play Store e a App Store.

Shovelware é um termo cunhado nos anos de 1990 quando todo mundo percebeu que o “ciberespaço” era um caminho para gerar dinheiro. Então, repetidos clones de aplicativos eram criados. CD-ROM que eram comercializados com centenas de programas e jogos, levaram ao termo que junta a palavra “shovel” pá em português, com software, e portanto representando esses programas e jogos que eram entregues com muita quantidade e com baixo controle de qualidade, que você precisaria de uma pá para retirá-los aos montes e jogá-los fora.

O que acontece é que com a popularização de sharewares, malwares e antivírus, as pessoas começaram a tomar mais cuidado com que tipo de programas instalariam, e de certa forma o impacto desses programas de qualidade duvidosa acabavam sendo esquecidos. Com o avanço da internet, com a possibilidade de conversar e discutir a qualidade dos produtos online, se consolidou uma consciência de quais são bons e ruins, reduzindo ainda mais esse fator.

Porém, com sistemas mobiles e as criações de lojas virtuais, o que aconteceu foi o retorno massivo de aplicativos e jogos com essas mesmas características, que por mais que se mantinham em quantidades reduzidas durante os anos de 2000 à 2010, voltaram a subir com os smartphones. 

Isso ocorreu por conta da corrida de aplicativos, com a Play Store e App Store, ou outras lojas de aplicativos convenientes ou de ambiente fechado, como no caso da Apple, que força você somente a comprar e usar aplicativos de sua loja proprietária.

Com o avanço tecnológico, se tornou relativamente fácil encontrar pedaços de códigos de programas para construir o seu próprio, e assim diversas empresas começaram a lançar em grandes quantidades aplicativos de baixa qualidade.

O desenvolvimento do marketing e tráfego pago na internet, fez com que o mercado de aplicativos começou a englobar isso, junto com microtransações, afinal se você ganhar 1 centavo de dólar por pessoa que ver propagandas no seu aplicativo, e for possível manter um fluxo de 10 mil usuários por dia, você lucraria 100$ por dia, com investimento virtualmente nulo, e caso a pessoa não queria assistir ela pode pagar 5$ para comprar o aplicativo. 

Essas técnicas são usadas até o dia de hoje, tanto por aplicativos bons quanto ruins, mas principalmente pelos de baixa qualidade. E assim existem os novos Shovelwares, que invadem as lojas das grandes empresas que não dão conta de moderar seus conteúdos, e pemitem que sejam comercializados, por pessoas que acabam por nem perceber sua verdadeira intenção.

Um exemplo de uma brincadeira para trazer mais conhecimento sobre esse fato foi o caso reportado por Tom’s Hardware, sobre o jogo Stroke the Animals em que você compra ele e tem o incrível gameplay de apertar repetidamente os botões do seu controle para fazer carinho nos bixinhos na tela. O sucesso do jogo se tornou viral, gerando 240 mil dólares de receita. Nesse caso, o jogo mesmo se dizia um shovelware e acabou por tornar-se viral e um grande meme.

Asset Flip: Comum na Steam e invadiram os celulares

Imagem de Only Up

Only up foi um dos jogos controversos por usar vários modelos roubados de artistas, o que levou o jogo a ser removido da Steam e atualizado diversas vezes. Além disso, ficou conhecido como "isca de streamer" e se tornou popular no YouTube e Twitch.

Quando um jogo é desenvolvido, existem diversos pontos a serem desenvolvidos, um deles é o código do programa que faz o jogo ser possível, e a outra parte visual, é o que será colocado na tela, como os personagens, menus, cenários, inimigos, objetos entre outros. Cada uma desses objetos que foram os jogos são chamados de Assets em inglês. 

A ideia por trás de um “asset flip” é que você desenvolve, ou copia um jogo que tenha seu código aberto disponível gratuitamente na internet, rouba, compra ou cria novos assets, e coloca nesse novo jogo, sendo o esqueleto de um, com as entranhas de outro. Com isso, o custo de desenvolvimento, se não nulo, é bem baixo, e pode se passar como um projeto de “iniciante”. Assim, o desenvolvedor em questão cobra pelo jogo, e quem ele conseguir enganar para comprar, ou jogar e gastar tempo vendo propagandas que também geram lucro para o criador, acaba sendo beneficiado através de algo que se aproveita de furos no sistema.

Normalmente é fácil encontrar assets flips e perceber o que são, o caso mais clássico, principalmente nos mobiles, são as cópias de GTA ou de PUBG. Nesses casos, o que acontece é que pessoas, e principalmente crianças entediadas com smartphones, acabam por instala-los para jogar por alguns minutos, gerar uma renda para o criador e depois desinstalar ao perceber que não é o que eles esperavam.

Por mais que o sistema de qualificação por estrelas nas lojas ajudem, a maioria das pessoas fazem votos positivos para ganhar prêmios no jogo, ou então simplesmente ignoram. Ainda assim, as donas dessas lojas, como a própria Steam costuma a tentar tirar o máximo de jogos possíveis.

Outro fato mais recente que acontece, é que pessoas começaram a intencionalmente fazer jogos engraçados em formato de asset flips com o interesse de serem jogados por grandes youtubers, já que virou um subgênero popular na plataforma.

O questionamento também cai sobre o que é realmente um shovelware ou asset flip, e se todos devem ser apagados, já que as vezes um projeto de um estudante, ou um primeiro jogo de um adolescente entusiasmado pode ser de baixa qualidade, mas as vezes é um jeito de aprender e também receber algo por seu jogo, se for o desejo do desenvolvedor.

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