• Home
  • Blog
  • Marketing Bizarro: Jogos mobiles e suas propagandas

Marketing Bizarro: Jogos mobiles e suas propagandas

As propagandas estranhas de jogos mobiles tem um objetivo: chamar a atenção. Entenda mais de por que essa tática tem sido tão aplicada no mobile.

Fábio Celestino

Fábio Celestino

Imagem de fundo do produto Marketing Bizarro: Jogos mobiles e suas propagandasImagem de fundo do produto Marketing Bizarro: Jogos mobiles e suas propagandas

Comerciais chocantes ou estranhos não são novidades, muitos lendários comerciais da televisão brasileira, como os de bebida alcoólica ou até mesmo de outros videogames, muitas vezes apelam para temáticas absurdas ou sexualizadas, devido ao seu apelo chamativo.

Isso se tornou uma prática comum no mercado digital: Vender seu produto não significa mais mostrar o que ele realmente é, ou dar uma boa visão de um produto interessante para o seu público - o importante é causar um impacto, e isso ocorre devido ao simples fato de que o mercado está extremamente competitivo.

Marketing e propagandas agressivas: O mercado ultra competitivo

Imagem mostrando um iPhone com diversos jogos instalados e a loja de jogos da play store

Apesar de muitos planos de filtragem e correção, as plataformas mobile são cheias de jogos que buscam através de campanhas de marketing extremas, divulgarem sua marca

Segundo os dados de 42matters cerca de mil aplicativos são todos os dias colocados na plataforma da Google Play Store. Considerando que dos 2,2 milhões de aplicativos na loja da google, apenas 270 mil, podemos extrapolar para cerca de 1% dos aplicativos sendo jogos. 

Assim, podemos imaginar que uma parcela, ainda que pequena, é significativa de jogos sendo lançados na Play Store diariamente, o que já demonstra uma grande competitividade do mercado.

Para se destacar no meio de tantos competidores, a alternativa é chamar atenção, de qualquer forma possível. Existem diversos textos interessantes que tentam entender melhor a situação das propagandas absurdas, como o de Pocket Tatics

Em geral, existem comerciais que tentam chamar a atenção com uma narrativa escrachada, uma totalmente absurda, em que um personagem sofre grandes perdas e você como jogador a ajudaria a recuperar, ou então uma narrativa que fale que se você jogar, conseguirá grandes conquistas e riquezas.

Um ponto comumente explorado por esses jogos é que eles usam a metalinguagem para descrever os eventos do jogo em um formato completamente diferente do que realmente acontece no mesmo, com a finalidade de conseguir capturar a atenção do público. 

Outros jogos realizam uma técnica mais absurda: demonstram sistemas de gameplay que não existem no jogo real, ou são só uma pequena parte do jogo, que são fáceis de engajar. Assim que o usuário instala o jogo, no entanto, percebe que é outra coisa, e às vezes tenta continuar jogando buscando o que ele tinha visto nas propagandas.

Isso, seria considerado propaganda enganosa, mas com o volume tão grande de aplicativos e a completa falta de avaliação rígida das propagandas, isso acaba sendo ignorado. O fato se tornou tão proeminente que certos desenvolvedores decidiram criar compilação dos jogos que são falsamente propagados e que em certos casos não existem. 

Uma das coleções que satisfaz quem gostaria de jogar esses jogos é o VOCÊ QUER "AQUELES JOGOS", NÉ? ENTÃO TOMA! AGORA MOSTRE COMO SE FAZ! que está disponível na Steam por R$ 32,99. Alguns dos jogos vão longe ao ponto de fazerem vídeos com atores, como o que explodiu em popularidade pela participação de  Pedro Pascal, conhecido especialmente pela série The Last of Us

Atenção e Atração: As táticas de temática sugestiva

Imagem mostrando capturas de comerciais de jogos com temáticas violêntas/crimes em situações absurdas

Muitos "comerciais falsos" mostram jogos com temáticas duvidosas para chamar a atenção e uma simulação de alguém jogando e tomando as piores decisões para instigar a curiosidade do público

Por mais que a Google Play Store, e sites como o próprio Youtube evitam temáticas sexuais, ou extremamente violentas, devido ao uso das plataformas por menores de idade, diversos desses jogos vão em contramão ao que é estabelecido. The Guardian demonstra esse fato com diversos comentários sobre essas propagandas que usam e abusam de temáticas adultas na forma irresponsável e questionável. 

O ser humano naturalmente volta a sua atenção para essas temáticas, e por consequência garante uma notoriedade para várias dessas propagandas. Elas também são irresponsáveis com jovens, pois crianças e adolescentes podem ser expostas a temáticas adultas sem o devido conhecimento e pode ter um impacto negativo no seu entendimento de certos assuntos. 

Porém, como o mercado é voraz e não se importa tanto com essas consequências, poderiam ser evitadas com um trabalho de curadoria humana, levando em consideração cuidados com as temáticas abordadas, e evitando assim esse tipo de conteúdo impróprio.

Um artigo de Splice today pega exemplos e demonstra o por que eles são feitos dessa forma, e explica detalhadamente como eles funcionam e as táticas nefárias para conseguirem com que o usuário por curiosidade acabe tentando jogar.

Outra técnica que é usada, são os falsos vídeos de “playthrough” ou  “let’s play”, que são basicamente um formato mais longo de vídeos populares no youtube, onde criadores de conteúdo jogam o videogame em questão. O que acontece, porém, é que vários comerciais usam imagens de grandes youtubers usando inteligência artificial em suas propagandas, sem autorização.

Outro caso é de vídeos de pessoas que fingem estarem jogando o game, quando na verdade estão apenas lendo um roteiro preparado anteriormente, tudo em busca de conseguir um novo jogador.

Microtransações e mais propagandas, um ciclo sem fim

imagem mostrando microtransações em diferentes jogos

A grande fonte de renda da maioria dos jogos é a base de microtransações em jogos "gratuitos para jogar", assim incentivando o jogador a conseguir vantagens através de compras, com valores muito maiores do que uma compra direta de um jogo completo, em muitos casos

Em geral, esses jogos são todos gratuitos, e quando você cai em tentação para testar, acaba por descobrir que dentro dele encontrará mais do mesmo: mais propagandas, muitas vezes de outros jogos que se promovem da mesma maneira. Esse ciclo só é quebrado caso quem estiver jogando faça algum tipo de compra, seja do jogo, ou de moedas virtuais que são capazes de pular as propagandas, ou então casos em que você precisa ver as propagandas para receber essas moedas extras.

Esse sistema se repete indefinidamente, e nesse formato é capaz de gerar grandes lucros, pois diversos desses jogos são feitos com baixo orçamento, usando “asset flips” que explicamos com mais detalhes o que é nesse texto aqui, copiando e abusando de pessoas entediadas a busca de um novo jogo para passar o tempo.

No final, o sistema acaba servindo como um formato intuito de gerar receita com pouco esforço, mesmo que acabe em banimento desses jogos, afinal em pouco tempo é possível criar um novo e subir na Google Play.

Ainda existem outras situações mais graves, como jogos que vendem informações pessoais dos seus usuários, ou então tentam aplicar golpe em seus usuários, e novamente, devido a pouca ou inexistente moderação do que é colocado na plataforma, é possível facilmente encontrar casos de golpes, fraudes ou roubos de informação, como esse caso de um jogo falso mobile do Palworld pela PC Gamer ou então o artigo de WCNC sobre aplicativos que fingem ser jogos para roubar suas informações pessoais e vendê-las, ou aplicar golpes.

Categorias:

Mobile
Android
iOS
Artigos

Fique por dentro:
novidades direto no seu e-mail.