Fábio Celestino
O Video Game Crash de 1983: O ano em que a indústria parou
Microcomputadores, jogos ruins e saturação do mercado: O que aconteceu na década de 1980 no mercado norte americano de video games ?
Com a segunda geração de video games, em especial os consoles para casa, como o Magnavox Odyssey², O Mattel Intellivision, ColecoVision e o grande sucesso Atari VCS, ou 2600, além de outras versões. A Atari, era a maior das empresas, que chegou a acumular 30 milhões de vendas do console durante os anos de produção.
O interessante é que, com o grande sucesso da Atari, começaram a surgir diversos problemas, além da concorrência pesada que no caso do CelocoVision e Intellivision possuíam até compatibilidade com os jogos de Atari, o que era um agravante.
Com essa situação toda acontecendo e a saturação do mercado americano, uma alternativa foi expandir para outros países, o que levou a chegada da Atari, oficialmente ao Brasil em 1983, através da empresa Polyvox, subsidiária da Gradiente, segundo o livro 1983+1984: Quando os videogames chegaram.
A Atari se atrapalhava, e a competição não perdoou
Alguns dos diversos consoles no mercado de videogames nos anos de 1980
No final dos anos de 1982, o mercado de jogos eletrônicos estava com uma demanda alta, o que levou a Atari a produzir muitos produtos, o que se tornou um grande problema quando uma grande quantidade de devoluções e uma queda de vendas começou a acontecer. O acúmulo de cartuchos e consoles nos estoques da Atari logo se tornaria um problema, como é explicado no livro The Ultimate History of Video Games Revisited de 2001.
Um outro problema era que até 1979 a Atari só possuía jogos produzidos e vendidos pela própria empresa, o que acabou mudando com o aparecimento da Activision, que lançou Pitfall, um grande sucesso comercial.
Com isso, outras empresas decidiram lançar seus próprios jogos e no final de 1982 o mercado estava cheio de jogos de baixa qualidade produzidos por desenvolvedores inexperientes. Uma matéria de jornal de 1982 conta um pouco da situação que já estava sendo prevista sobre a diversidade de consoles que saturavam o mercado, apresentando jogos e qualidades semelhantes, agravando a situação do mercado
Microcomputadores e jogos ruins levaram a Atari a enterrar jogos
Sinclair ZX81 tomou o lugares dos consoles
Por fim, o que complicou ainda mais foram os aparecimentos de computadores e consoles como o Sinclair ZX81, que além de barato era capaz de rodar jogos, além de ser multitarefas, o que acabava destacando no lugar de consoles que só serviam para jogos, e o Commodore 64, que conseguia ter jogos com gráficos e sons melhores, por um preço competitivo.
Além disso, a distribuição de jogos por disquetes e fitas cassetes eram mais baratos e fáceis que cartuchos, o que era uma vantagem muito grande para o público em comparação.E para piorar as coisas, dois lançamentos que prometeram muito e cumpriram pouco foram o epicentro da quebra do mercado: Pacman e E. T. The Extra-Terrestrial.
O que aconteceu foi que no caso de Pacman o jogo não era nem próximo do que o público esperava, comparado com a versão arcade da empresa Taito. Gráficos piores, cenário diferente, o jogo era uma versão bem enxuta do jogo original.
Com isso a frustração foi grande dos compradores. Para piorar tudo, os outros jogos não estavam vendendo como o esperado, e levaram a um certo desespero de novos lançamentos, que foi o caso do E.T.. O jogo teve 5 semanas de produção, para chegar a tempo do natal, segundo a entrevista dada ao DigiPress.
Todos esses acontecimentos culminaram em prejuízos milionários a Atari. Isso ocasionou em uma lenda, que acabou sendo confirmada em 2014, através do documentário Atari:Game Over, de que jogos foram enterrados em um terreno no México, como diz o artigo de USA Today. No caso, os números eram exagerados; foram confirmados através de entrevistas que cerca de 728 mil cartuchos foram descartados, ao contrário dos “milhões” que eram ditos nas lendas.
Em 1984, a Warner vendeu a parte de consoles da Atari, mantendo ainda a desenvolvedora de jogos arcades. Com isso o mercado de consoles era considerado como um fracasso. Porém, as coisas mudaram no ano seguinte, devido a uma outra empresa, no outro lado do mundo.
Nintendo entra na partida: NES e a revitalização dos video games
Era vez das gigantes japonesas dominarem o mercado!
No Japão, as coisas seguiam um rumo diferente, a Nintendo lançou seus consoles Color TV-Game e portáteis Game & Watch para um bom sucesso. Conheça mais sobre o Game & Watch clicando aqui!
Tentando a expansão de mercado, com o seu novo videogame, um grande sucesso de vendas, Famicom, a Nintendo tentou negociar o lançamento nos EUA, em parceria com a Atari, mas devido a problemas de licença com Donkey Kong e a situação que a Atari enfrentava, as negociações não chegaram a lugar nenhum.
Com isso, em 1985, a Nintendo fundou a Nintendo of America, e lançou por conta própria o NES. Com seus jogos de alta qualidade, um controle forte de quem poderia lançar jogos para seu console, e um redesign para parecer um reprodutor de vídeo cassette no mercado americano, o sucesso do video game foi inesperado e impressionante.
Graças à empreitada arriscada da Nintendo, hoje o mercado de videogames se desenvolveu e se tornou do tamanho que é hoje. O selo de qualidade da Nintendo, foi uma forma de demonstrar a qualidade dos jogos e permitiu que a empresa se estabelecesse e abrisse portas para outras empresas como a SEGA entrassem no mercado Norte Americano e Global.
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