Redação Compare Games
Os jogos clássicos que mudaram a história - Parte 1
Muitos jogos deixaram suas marcas no mercado de games, introduzindo elementos pioneiros que moldaram a forma como os jogos são feitos até hoje.
Neste texto, continuaremos a explorar os clássicos que ainda influenciam os jogos modernos.
No primeiro texto, abordamos jogos pioneiros em diversos gêneros, como corrida, plataforma e MMORPG.
Os jogos clássicos que mudaram a história - Parte 1
Enquanto mencionávamos Islands of Kesmai, introduzimos o conceito de roguelike. Isso só foi possível devido à grande influência de um jogo precursor de Kesmai: Rogue.
Rogue- Jogos roguelike até o fim dos tempos
Rogue foi a base pra diversos gêneros de videogames e introduziu vários elementos populares como a aleatoriedade de eventos
Lançado em 1980, originalmente para computadores baseados no sistema Unix, Rogue: Exploring the Dungeons of Doom é atemporal, e ainda é encontrado por fãs do jogo. O que intriga muitos entusiastas é que um jogo criado para um tipo de computador geralmente reservado para fins acadêmicos tornou-se influente a ponto de, até hoje, haver jogos claramente inspirados em sua mecânica inovadora.
No jogo, você deve recuperar o Amuleto de Yendor, localizado nas profundezas da caverna que você explora. As cavernas são geradas aleatoriamente durante a jogatina, usando uma técnica chamada geração procedural. Esta técnica foi e ainda é utilizada em diversos jogos roguelike.
Cada trecho da caverna pode abrigar monstros que você enfrenta em batalhas por turnos. Em caso de morte, você precisa recomeçar do início. Sem itens, sem checkpoints. Foi o primeiro exemplo de permadeath nos games.
Rogue também marcou um grande avanço para aventuras com gráficos mais elaborados, ao contrário de aventuras em texto como Zork, Collossal Cave Adventure ou o brasileiro Aventuras na Selva. A influência de Rogue pode ser encontrada em jogos como NetHack, Toe Jam & Earl, Ancient Domains of Mystery, Diablo, Mystery Dungeon, FTL: Faster Then Light, The Binding of Isaac, Noita e Hades.
Diablo e Minecraft são dois exemplos extremamente populares que foram muito inspirados nas mecânicas de Rogue
Elementos de roguelike também podem ser encontrados em jogos como Minecraft, jogo 3D que possui a opção de permadeath e geração procedural de cavernas, Dwarf Fortress, que mescla elementos roguelike (e emula o visual ASCII de Rogue) com construção e gerenciamento, Spelunky, que mescla o gênero roguelike com plataforma e Crypt of the Necrodancer, uma mistura incomum entre roguelike e jogo rítmico.
Dwarf Fortress: Um dos jogos mais difíceis do mundo
Confira o texto contando mais sobre um dos mais complexos e interessantes jogos para PC e RPG. inclusive a versão original pode ser jogada gratuítamente!
Tetris - Puzzles para a as massas
Tetris acabou se tornando um dos jogos mais importantes em especial com o sucesso do console da Nintendo, Game Boy
Quatro quadradinhos podem formar uma linha reta, um quadrado, dois Ls, dois S e um T. Eles se encaixam perfeitamente, e a cada linha feita, é uma linha a menos. O maior jogo de puzzle de todos os tempos surgiu do lugar mais improvável para um videogame.
Desenvolvido às escondidas em 1984 na União Soviética, pelo então pesquisador (uma vez que nem havia o conceito, nem a demanda, por game designer no país) Alexey Pajitnov, o jogo causou grandes estragos por onde passou. Tornando-se popular entre os poucos engenheiros de computação na URSS, o jogo parou o escritório inteiro quando Pajitnov o demonstrou pela primeira vez.
Seu fascínio pelo Pentaminó, um quebra-cabeça que consiste em criar um retângulo com peças contendo 5 quadrados cada, levou o programador a buscar um desafio maior. Ao transformar o quebra-cabeça em um jogo onde as peças caem, o desafio se tornou muito maior. Após modificações na dinâmica, ele criou um quebra-cabeça intuitivo e viciante.
O sucesso do primeiro grande puzzle dos videogames atravessou a cortina de ferro quando empresários do estúdio Spectrum Holobyte negociaram os direitos do jogo com o governo soviético. Pouco depois, a Nintendo entrou no jogo e garantiu os direitos exclusivos para console, lançando Tetris para Game Boy e NES, em 1989. O jogo se tornou sucesso mundial.
O fenômeno dos puzzles pegou a todos de surpresa, com diversos concorrentes, derivados e imitações surgindo rapidamente, como Klax, Dr. Mario, Blockout! Columns, Puyo Puyo, Baku Baku Animal, Pac-Attack, Bust-A-Move, entre muitos outros jogos que são lançados até os dias de hoje. Tetris se tornou sinônimo de puzzles para muitos, podendo ser encontrado em diversos consoles, computadores, smartphones e outros eletrônicos, graças à empresa atual dona do formato, The Tetris Company, fundada pelo próprio Pajitnov após anos de ações judiciais pelos direitos de sua criação.
Tetris - Game Boy
I, Robot - Gráficos 3D, Sem vetores ou Perspectivas Falsas
I Robot apesar dos gráficos impressionantes para a época, não foi um grande sucesso nos arcades, pois a jogabilidade ainda não era das melhores
O jogo de 40 anos da Atari estava muito a frente de seu tempo. Ser o primeiro jogo de plataforma inteiramente em 3D, significou para a época competir com jogos mais simplórios como Pacman e Donkey Kong.
I, Robot, de 1984, não se utilizou de vetores como os jogos de Vectrex, ou o fliperama de sucesso Star Wars Arcade, da mesma época. A premissa era simples: Você deve transformar as cores da plataforma de vermelho para azul. Quanto maior a dificuldade, mais cores surgem para você derrotar o Big Brother, vilão do jogo.
E quando se diz que I, Robot esteve a frente de seu tempo, é porque estava MUITO a frente de seu tempo. Segundo o site Gaming History, o fracasso comercial de I, Robot se deu devido ao grande grau de surrealismo para a época, o que não atraiu os jogadores. A estimativa de venda ficou entre 750 a 1000 unidades, com muito menos preservados até os dias atuais.
Entretanto, seu grande legado reside na utilização dos gráficos 3D, que anos mais tarde se tornariam a base de toda a indústria de videogames, ocupando espaço em todos os gêneros, desde primeira-pessoa, com Wolfenstein 3D, já mencionado, jogos de luta como Virtua Fighter, corrida como Virtua Racing, plataformas como Super Mario 64, entre outros.
Super Mario 64 - N64
Hoje em dia, gráficos 3D não são sinônimo de ousadia na programação de um jogo, mas sim o mínimo que muitos esperam, principalmente das grandes produções.
Cada um dos jogos que trouxemos conta um pouco mais da história dos videogames. Tudo o que você vê hoje um dia foi a grande novidade de outrora, e esses jogos mostram bem como foi acompanhar a evolução dos games ano após ano.
Em tempos em que parece não haver mais nada a inventar, resta aos estúdios, grandes e pequenos, usar e abusar da criatividade para que sejam capazes de surpreender o público, mesmo com tudo já disponível em suas mãos.
Isso, é claro, se conseguirem inventar ainda mais mecânicas ou feitos tecnológicos que nos deixem mais uma vez de queixo caído, como ficamos há 30 ou 40 anos. Resta-nos aguardar a próxima novidade que pode mudar a história dos games.
Wolfenstein 3D- O "Avô que lutou na segunda guerra" do FPS
O jogo que definiu o gênero de fps, Wolfenstein 3D não era realmente 3D mas uma ilusão que dava esse efeito
Desenvolvido em 1991 pelo estúdio ID Software, Wolfenstein 3D não é necessariamente o primeiro jogo a apresentar elementos de primeira pessoa. Alguns jogos trouxeram esta experiência de formas limitadas, geralmente limitados a sprites 2D, usando e abusando da perspectiva. Maze War, Star Ship e Battlezone são exemplos de jogos que dependiam ou de sprites 2D, ou de gráficos vetoriais, para criar-se o efeito desejado.
Mas o pulo do gato de Wolfenstein 3D está em seu próprio nome: Wolfenstein... 3D!
E segundo o portal Gameopedia, foi um dos designers de Wolfenstein 3D, John Camack, que trouxe para o jogo o conceito de Raycasting. Imagine uma lanterna. Se você a aponta para uma parede perto de você, você vê a luz brilhar.. Se você a aponta para uma parede mais distante, ainda vê a luz brilhar, embora mais fraca.
O raycasting transforma um mapa 2D em uma visualização pseudo-3D ao projetar paredes de diferentes alturas na tela, com base na distância do jogador ao ponto onde um raio atinge uma parede, assim como a luz da lanterna que você enxerga na parede. É um conceito um tanto complicado, mas é a opção mais apropriada para uma época em que placas de vídeo para consumidores ainda não eram capazes de gerar gráficos 3D em tempo real. Wolfenstein 3D trouxe desta maneira, a melhor forma naquele período de se criar um cenário 3D, mesmo em computadores menos potentes.
Era a deixa para que o gênero explodisse e tomasse a indústria dos games como um tsunami durante os anos 90 e além. Nomes como Doom, Marathon, Duke Nukem 3D, Serious Sam, Quake, Postal, Unreal Tournament, Half-Life, Counter Strike, Halo, Crysis, Call of Duty, Battlefield, Team Fortress 2, Overwatch, Free Fire, APEX Legends e muitos, MUITOS outros estão na ponta da língua de muitos fãs. Os jogos em primeira pessoa tornaram-se referência na evolução gráfica em 3D, enquanto os primeiros jogos da ID Software, Wolfenstein 3D e Doom, continuam a ser referências para jogos estilo retrô como Mullet Madjack, Prodeus, Ultrakill e Slayers X: Terminal Aftermath: Vengance of the Slayer.
Street Fighter II - Movesets, personagens e combos!
Street Fighter II apesar de não ser o primeiro jogo de luta feito, foi a base para combinação de botões, golpes especiais, combos e muitas outras mecânicas que definiram o gênero
Lançado em 1992, Street Fighter 2 teve uma longevidade invejável no mundo dos games. A última revisão do jogo saiu em 2016! Para entender algumas das razões de SF2 ser tão revolucionário, precisamos também entender seu antecessor, muitas vezes esquecido.
O Street Fighter, foi responsável pela introdução de inúmeros elementos cruciais em quase todos os jogos de luta modernos, sendo o principal deles o moveset: pela primeira vez um personagem tinha uma lista de movimentos, os quais o jogador poderia aprender para dominar os adversários. Além disso, Street Fighter teve o primeiro painel com 6 botões, três para cada nível de soco ou chute: Leve, médio ou pesado, adicionando complexidade ao jogo.
Street Fighter II: The World Warrior - SNES
Street Fighter 2 uniu combinou novidades a uma inédita seleção de personagens: Você escolhe um e enfrenta os 7 restantes. Mas o grande feito deste jogo foi a criação dos combos: Conjuntos de golpes dados em sequência, que podem lhe garantir a vitória ou a derrota, caso o adversário consiga aplicar um combo em você. A descoberta, que foi um bug durante o desenvolvimento, colocou o gênero de ponta cabeça.
Não apenas o conjunto de Fatores transformou Street Fighter 2 no maior jogo de luta de todos os tempos, como também inspirou diretamente concorrentes 2D como Mortal Kombat, Killer Instinct, The King of Fighters, Samurai Shodown, Guilty Gear, entre muitos outros que adotaram essas mecânicas, que logo se tornaram a base para quase todos os jogos de luta.
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